quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Roche flagra doenças antes de aparecerem
Farmacêutica aposta na área de diagnósticos moleculares e lança testes para infecções, câncer e pré-eclâmpsia
A Roche, uma das líderes mundiais em medicamentos diferenciados
para câncer e pioneira no tratamento de diabetes, está de olho no que o mercado farmacêutico considera ser a tecnologia do futuro. Não se trata
de ferramentas capazes de produzir drogas certeiras contra doenças complicadas ou vacinas contra vírus que podem se espalhar perigosamente. A aposta do grupo suíço chama-se diagnóstico molecular e envolve o estudo das mudanças celulares que ocorrem no corpo antes
mesmo do aparecimento dos sintomas de uma doença.
Hoje, esses testes baseados nos genes, são uma pequena parte das receitas que a Roche obtém com o desenvolvimento, fabricação e venda de material de apoio médico e laboratorial, incluindo sistemas de diagnósticos para laboratórios, hospitais, clínicas e diretamente para
pacientes, como testes de índice de glicemia para diabetes. Mas as perspectivas são enormes.
Crescimento
Estima-se que as vendas de kits de diagnósticos moleculares vão crescer 14% nos próximos dois anos. A consultoria Jain PharmaBiotech
calcula que o mercado total deve se expandir de R$ 15,88 bilhões atuais para R$ 27,34 bilhões em 2014. No Brasil, o faturamento da Roche Diagnóstica ainda é pequeno, R$ 408 milhões, se comparado com
os R$ 1,6 bilhão da Roche Farmacêutica. No grupo, entretanto, o crescimento de vendas do setor foi de 9% ante 4% do setor de remédios no primeiro semestre de 2010.
A empresa aguarda o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o lançamento no país de produtos de impacto nessa linha. São biomarcadores para doenças graves e de importância social
que vão ajudar amodificar o paradigma da saúde, afirma Pedro Gonçalves, presidente da divisão no Brasil. Gonçalves acredita que, em
um futuro não muito distante, esses diagnósticos serão tão comuns
nos laboratórios de análises clínicas quanto a dosagem de colesterol, que denuncia as chances de problemas cardiovasculares, ou o PSA, que
aponta doenças na próstata. A Roche do Brasil lança os chamados
biomarcadores, que visam detectar a pré-eclâmpsia, doença caracterizada pela hipertensão, presente em cerca de 5% das gestações e principal causa de nascimentos prematuros no Brasil.
A pré-eclâmpsia não apresenta sintomas aparentes, o que dificulta o seu diagnóstico. Com o teste em amostra de sangue, é possível identificar o problema no processo de formação e desenvolvimento da placenta antes
mesmo dos primeiros sinais físicos da doença. Conhecer essa predisposição ajuda os médicos a estabelecer o melhor tratamento para a gestante. Outro exame que espera o sinal da Anvisa busca identificar
em seis horas as bactérias presentes na infecção hospitalar. Saber quais antibióticos utilizar para enfrentar a septicemia em tempo hábil, em vez de submeter o doente a um jogo de tentativas e erros, pode salvar vidas e
evitar o aparecimento de bactérias resistentes.
Os lançamentos incluem ainda o diagnóstico molecular do vírus HPV. Hoje se conhece mais de 200 tipos do vírus, mas apenas os de alto risco estão relacionados a tumores do colo do útero. Por meio do teste, é possível identificá-los. É uma maneira de trazer mais eficácia ao sistema de saúde e diminuir os gastos, diz Gonçalves.
A Roche aposta que os testes de diagnóstico molecular serão, em futuro não muito distante, tão comuns quanto a dosagem de colesterol ou
o PSA, que aponta doenças na próstata.
Fonte: Abradilan