Farmacêutica: Alemã cultiva planta medicinal em fazenda no país para extrair o princípio ativo do Buscopan
Muito antes de se tornar o "queridinho" entre os países emergentes para as indústrias farmacêuticas, o Brasil já estava na rota da companhia alemã Boehringer Ingelheim. O país sedia uma fazenda na qual o grupo extrai uma das matérias-primas que compõem o princípio ativo do Buscopan, um dos carros-chefes da companhia.
A planta medicinal Duboísia, trazida da Austrália há mais de 30 anos para o país, é cultivada na fazenda Solana Agropecuária, instalada em Arapongas (PR), controlada pela farmacêutica. Essa planta é a matéria-prima básica para o Buscopan, um dos principais medicamentos da companhia. Nessa fazenda, a Boehringer Ingelheim também mantém uma área de reflorestamento, com mais de 20% em preservação permanente.
Com foco voltado sobretudo nas áreas respiratórias, cardiologia e OTC (medicamentos isentos de prescrição médica), onde estão incluídos o Buscopan e o Anador, a companhia quer intensificar seu negócio também na área de oncologia. E o Brasil tornou-se um mercado importante para a expansão da farmacêutica nessa área. A Boehringer está montando no país uma equipe, hoje ainda restrita a três executivos, tirados do mercado farmacêutico, para tocar essa nova divisão.
"A Boehringer começou suas pesquisas na área de oncologia há 10 anos e está em fase final para o lançamento de dois produtos. O primeiro deles é o Tomtovok, voltado para câncer de pulmão, que deverá ser aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), órgão regulador americano, no primeiro semestre de 2011", disse Andréa Carvalho Sambatti, diretora de marketing da área de oncologia do grupo no país. Além de Andréa, estão na equipe da farmacêutica no país Andrea Naves, gerente de relacionamento médico, e Eduardo Pinter de Almeida, gerente sênior de produtos.
A expectativa é de que esse medicamento seja aprovado no Brasil a partir de 2012. Outro produto em desenvolvimento é o Vargatef, que combate câncer pulmonar e de ovário. Esse produto só deve ter sua aprovação nos EUA no fim de 2011 e chegar no Brasil a partir de 2013, diz Almeida.
Segundo Andrea Naves, o Brasil já realiza há pelo menos dois anos estudos clínicos com pacientes doentes. A empresa trabalha para que esses medicamentos, em fase adiantada de desenvolvimento, façam parte do programa de acesso expandido do governo federal para testes. O requisito é que os medicamentos estejam na fase 3 de desenvolvimento, como é caso dos dois produtos da alemã.
Com um faturamento global de ? 12,7 bilhões, a Boehringer é uma das poucas companhias farmacêuticas globais de capital fechado. "É uma empresa familiar, que tomou a decisão de investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em oncologia", afirmou Andréa. Atualmente, a empresa investe 21% de seu faturamento líquido em P&D.
No Brasil, a Boehringer tem uma fábrica em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, que está entre as maiores do mundo, responsável pelo terceiro maior volume de produção, com 78 milhões de unidades/ano. A partir do país, a farmacêutica exporta medicamentos para diversos países da América Latina, Ásia e Europa. A alemã também tem atuação global na área veterinária.
Fonte: Valor Econômico