terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cellofarm aposta nas aquisições e licenças para crescer no Brasil


A farmacêutica Cellofarm, controlada pela companhia sul-africana Aspen Pharma, já traçou sua estratégia de crescimento no país. A empresa vai focar em aquisições, parcerias para desenvolver novos produtos e acordos de licenciamento de marcas consolidadas.

Com o foco voltado para a área hospitalar e varejo, na proporção 60% e 40%, respectivamente, a companhia investiu nos últimos meses cerca de R$ 60 milhões na aquisição de marcas, entre elas medicamentos fitoterápicos, que ajudaram a reforçar o faturamento da companhia no Brasil.

Das recentes aquisições, o calmante natural Calman, do laboratório Ativus, de Valinhos (SP), e o xarope expectorante Melxi, que pertencia à companhia pernambucana Hebron, abriram importante espaço para a farmacêutica sul-africana no país. A expectativa é de que o faturamento do grupo no país salte dos R$ 70 milhões em 2009 para cerca de R$ 200 milhões este ano, disse Alexandre França, diretor de comercial e de marketing da farmacêutica.

"O Brasil tem um enorme espaço para avançar na área fitoterápica [à base de plantas medicinais]. No país, do total de medicamentos, apenas 8% são fitoterápicos. Globalmente, esses volumes somam 18%. Só na Alemanha, por exemplo, 30% dos remédios são dessa categoria", disse o executivo.

A estratégia da Aspen Pharma é promover expansão nos países do Hemisfério Sul. Maior fabricante de medicamentos do continente africano, a empresa chegou ao Brasil em junho de 2008 depois de comprar 51% da Cellofarm, que desde 2002 estava nas mãos da indiana Strides Arcolet. Em junho do ano passado, a Aspen adquiriu, da companhia indiana, os 49% restantes da Cellofarm, que atua sobretudo com similares. O valor do negócio foi US$ 100 milhões. "A partir deste mês, o nome Cellofarm aqui no Brasil desaparece, cedendo espaço para Aspen Brasil", disse.

Com estruturas em vários países - África do Sul, Quênia, Tanzânia, Brasil, México e Alemanha - e receita de US$ 1,1 bilhão no ano passado e expectativa de atingir US$ 2 bilhões este ano, a Aspen fabrica genéricos e similares, os chamados OTCs (medicamentos vendidos fora do balcão) e também itens com marcas. Produz, por exemplo, medicamentos para a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) e outras multinacionais. A GSK é uma das acionistas da Aspen, com cerca de 9% de participação.

Em agosto, a empresa concluiu a compra da Sigma, indústria farmacêutica australiana, por por 900 milhões de dólares australianos (ou US$ 800 milhões), ampliando sua presença nos países do Hemisfério Sul. A australiana Sigma atua na produção e distribuição de medicamentos (genéricos, de marca e OTCs) e tem um faturamento de U$ 2,5 bilhões.

Com a conclusão desse mais novo negócio, a Aspen tende a reduzir ritmo do seu movimento de consolidação. "Mas isso não significa que ficaremos parados. No Brasil, vamos promover o crescimento por meio de aquisições, uma vez que o país posição estratégica na região", disse França.


Fonte: Valor Economico