Tratamentos com a neurotoxina são eficientes para as doenças caracterizadas pelo excesso de contrações musculares como a espasticidade e as distonias.
A neurotoxina oriunda da bactéria Clostridium botulinum, geralmente encontrada na água, alimentos contaminados (embutidos e enlatados, por exemplo) e no ar, e que milhares de pessoas conhecem como o ‘milagre’ para o fim das linhas de expressão, vem sendo usada de forma terapêutica desde a década de 1980, antes mesmo de ter a sua eficácia comprovada para os tratamentos estéticos.
Ao testar substâncias corretivas ao estrabismo, o oftalmologista norte-americano Alan B. Scott observou que a toxina botulínica tipo A relaxava determinados músculos ao ser injetada. Em 1970, o FDA (Food and Drug Administration) – agência governamental americana que controla as indústrias alimentícias e de medicamentos nos EUA – liberou o uso da toxina em caráter experimental para um grupo de pesquisadores orientados por Scott, e ainda naquela década o fármaco foi aplicado em humanos para o tratamento do estrabismo.
Na década seguinte foi publicado o primeiro estudo demonstrando os resultados para tratamento da espasticidade – contração muscular exagerada decorrente de lesões no sistema nervoso central como tumores, AVC (Acidente Vascular Cerebral), paralisia cerebral, esclerose múltipla e traumatismos crânios-encefálicos. Nos anos posteriores, descobriram-se os benefícios da toxina botulínica tipo A para doenças caracterizadas pelo excesso de contrações musculares, como a distonia – contrações musculares involuntárias, lentas e repetitivas nos músculos do pescoço, face e braços, como, por exemplo, o blefaroespamo – contrações involuntárias das pálpebras – além de alguns tipos de tremores.
Hoje, no Brasil, embora a toxina botulínica seja mais conhecida por seu uso em procedimentos estéticos, representa melhora sem precedentes na qualidade de vida de milhares de pessoas com distúrbios neurológicos. O produto, de alto valor agregado, está protocolado no SUS (Sistema Único de Saúde) e, com isso, o paciente pode requerê-lo gratuitamente ou solicitar reembolso, desde que tenha prescrição médica.
O fisiatra Dr. Tae Mo Chung, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e referência no setor, conta que antes da descoberta do potencial terapêutico da toxina, distúrbios neurológicos eram tratados com medicamentos orais, que além de terem curta duração ainda apresentavam efeito colateral muito agressivo. “Hoje, nossa primeira opção para o tratamento dos distúrbios neurológicos é sempre a toxina botulínica”, afirma o Dr. Tae.
Ele diz ainda que a toxina propõe ao paciente com distúrbio neurológico, o seu retorno à sociedade. ”Enfermidades como a distonia, por exemplo, mexem com a autoestima do paciente, levando-o inclusive à depressão. A toxina botulínica vem de encontro, também, à sua saúde emocional”, complementa o Dr. Tae.
No Hospital das Clínicas, onde o Dr. Tae dirige o departamento de Neurofisiologia e a Unidade do Bloqueio Neuromuscular do Instituto de Medicina de Reabilitação, a aderência do paciente ao tratamento é grande. “É muito difícil um paciente com distonia abandonar o tratamento. Ele é funcionalmente normal, por isso, sente a necessidade de corrigir a contração muscular que o atrapalha nas atividades do dia-a-dia”. Já o paciente espástico, que vive com seqüelas de patologias – como derrame e paralisia cerebral – adere menos ao tratamento, pois a toxina traz a melhora, mas não cura a sua deficiência.
Para qualquer uma das doenças em que a toxina botulínica do tipo A está indicada, o tratamento deve ser global e prescrito por equipe multidisciplinar.
Como age no organismo?- Para que os músculos contraiam gerando movimento, ocorre a liberação pelos nervos do neurotransmissor Acetilcolina na Junção Neuromuscular (sinapses). A toxina botulínica tipo A age bloqueando a produção da Acetilcolina e, com isso, relaxa temporariamente o músculo em que foi injetada. “O músculo, com a toxina injetada, fica enfraquecido, flácido, por cerca de seis meses, até que o organismo absorva o produto”, explica o Dr. Tae.
Ele ressalta que é fundamental ao médico que faz a aplicação do fármaco (geralmente fisiatras ou neurologistas) um treinamento adequado. “Outra necessidade é que se avalie a qualidade da toxina”, complementa.
Atualmente existem cinco laboratórios no mundo que produzem a toxina botulínica do tipo A e as diferenças entre eles são pequenas. O Xeomin®, da Merz-Biolab, é o único do mercado que não contém complexos protéicos, por isso é mais purificado e representa menores riscos de formação de anticorpos, garantindo assim, uma segurança maior ao paciente que precisa utilizar altas doses do produto e necessite de tratamentos repetidos.
O efeito da toxina botulínica tipo A inicia-se de 48 a 72 horas após a aplicação e tem efeito máximo entre uma a quatro semanas, com duração média de seis semanas a seis meses. Terminado o efeito da neurotoxina, o paciente deve receber outra aplicação.
Merz-Biolab- Em 2009, o grupo alemão Merz Pharmaceuticals GmbH e a farmacêutica brasileira Biolab formaram uma joint venture para atuar no mercado brasileiro com foco em terapia e estética. A farmacêutica alemã tem mais de 100 anos e sempre se destacou na pesquisa de formulação de produtos para o sistema nervoso central. A presença de seus produtos no Brasil ocorreu através de licenciamentos cedidos ao laboratório Biolab. Por sua vez, Biolab é líder brasileiro em prescrição de produtos cardiovasculares e ocupa a 9° posição no ranking de medicamentos éticos vendidos sob prescrição médica. (Fontes: Prescrições Close-Up e vendas IMS Health – MAT April 2011)
Com aporte de €20 milhões para montagem da estrutura na capital paulista, foi fundada naquele ano uma companhia independente, a Farmacêutica Merz-Biolab, que entre outros fármacos comercializa Xeomin®, única toxina botulínica tipo A livre de complexos protéicos e que deve ser mantida a temperatura ambiente sem necessidade de refrigeração em transporte e armazenamento.
Xeomin®, que foi desenvolvido pela Merz e lançado na Alemanha em 2005, concorre diretamente com o Botox® (Allergan) e atualmente é comercializado em 21 países para procedimentos estéticos e terapêuticos.
O mercado de toxina botulínica no Brasil é estimado em R$180 milhões ao ano, atrás apenas dos Estados Unidos, com média de U$450 milhões. A estética responde por 70% desse montante. (Fonte: IMS Health – MAT April 2011)Além da toxina botulínica, a Merz-Biolab atua no mercado de volumizadores. Amplamente utilizado no mercado de estética mundial, o Radiesse® é um volumizador totalmente reabsorvível e biocompatível, à base de partículas uniformes de hidroxiapatita de cálcio e gel aquoso que leva à formação de um novo colágeno, proporcionando resultado imediato e duradouro, redefinindo a forma de modo natural. Radiesse® está indicado para o aumento no volume de tecidos cutâneos e requer menor quantidade de produto injetado em comparação aos outros preenchedores disponíveis.