segunda-feira, 21 de março de 2011

Sem Mantecorp, o Laboratório Aché prepara-se para abrir o capital


Depois de deixar escapar a Mantecorp para a Hypermarcas no fim do ano passado, o laboratório Aché, um dos maiores do Brasil, prepara-se para abrir capital. Os acionistas da farmacêutica nacional, as famílias Dellape Baptista, Siaulys e Depieri, deram o aval e estão escolhendo os bancos que deverão assessorar esse processo, afirmou José Ricardo Mendes da Silva, presidente da empresa. "A companhia está pronta [para ir à bolsa]", disse.

Com faturamento bruto de cerca de R$ 2,3 bilhões em 2010, o Aché é considerado uma companhia atraente para o mercado, segundo uma pessoa ligada a um banco. "Acreditamos no grande potencial de captação do Aché", disse.

No processo de abertura de capital, o percentual de ações negociadas no mercado da companhia deverá ficar entre 20% e 25%, segundo o executivo.Com a captação na bolsa, a empresa pretende promover sua expansão dentro e fora do Brasil, por meio de aquisições, investir em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos e fazer aportes em "ativos que complementem as competências da companhia".

A estratégia da farmacêutica era ganhar maior robustez com a compra da Mantecorp antes de ir à bolsa. No entanto, a companhia foi atropelada pela Hypermarcas, até então única farmacêutica nacional com papeis negociados no mercado, que acabou adquirindo o laboratório no fim do ano passado. Mendes da Silva afirma que a companhia não desistiu de fazer aquisições no curto e médio prazos, mas assume que não há outros ativos tão atraentes como a Mantecorp disponíveis no momento. Segundo o executivo, a data exata para ir à bolsa vai depender da evolução do mercado. A empresa, no entanto, está acelerando o processo.

Fontes do setor afirmaram que o Aché se tornou alvo de aquisição, depois que o negócio com a Mantecorp não foi levado adiante. "Há várias multinacionais interessadas na companhia", afirmou um executivo de uma farmacêutica estrangeira. Mas a forte valorização dos ativos do setor no país, hoje cotados de 20 a 22 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, coloca o Aché entre um dos mais caros do país, com passe estimado entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões.


SOBRE O ACHÉ

Fundado em 1966, o Aché conta com dois complexos industriais, um em sua sede em Guarulhos (Grande São Paulo) e outro na capital paulista, no bairro Jurubatuba. A empresa deverá investir este ano cerca de R$ 130 milhões para concluir os aportes em sua nova unidade em Guarulhos, na Grande São Paulo, e também lançar novos medicamentos.

A farmacêutica tem planos agressivos para medicamentos genéricos para este ano. Esse segmento responde por 20% da receita da companhia. O portfolio da empresa elenca 250 marcas em cerca de 600 apresentações de medicamentos sob prescrição, genéricos e MIP (isentos de prescrição).

Nos últimos anos, a empresa engrossou o movimento de consolidação no setor. Em 2003, o laboratório incorporou a farmacêutica alemã Asta Médica do Brasil. Dois anos depois, deu um importante passo com a compra da Biosintética Farmacêutica, que possibilitou à companhia entrar no segmento de genéricos - hoje os produtos são vendidos sob a marca comercial Genéricos Biosintética.

Em 2008, a empresa firmou parceria com a americana RFI Ingredients, marcando a entrada do grupo no mercado americano e canadense com a comercialização do creme anti-inflamatório Acheflan. No ano passado, a companhia comprou 50% da Melcon, de Goiás. O Aché exporta seus produtos para 12 países.


Fonte: Valor Econômico