quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Hypermarcas abre centro de pesquisa, nova fábrica e prepara lançamentos
Na hora do almoço, uma das salas de reuniões da Hypermarcas, no escritório central da empresa na zona sul da capital paulista, se transforma em uma espécie de restaurante familiar. Na mesa, os executivos da área de marketing, planejamento e finanças quase sempre almoçam juntos. A tela usada para mostrar gráficos e projetos divide o espaço com as cubas de aço que aquecem a comida.
Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas, diz que ganha tempo com isso. "Para comer na rua a gente leva um tempão. Não saio do escritório antes das nove e meia da noite, e ganhamos mais agilidade ficando por aqui".
O que é tratado nas conversas informais do almoço tem, nas últimas semanas, sido um dos principais focos de ação da empresa, considerada a maior companhia de capital nacional do setor de bens de consumo do país, com produtos nas áreas de alimentos, higiene pessoal, limpeza doméstica e medicamentos. A equipe de executivos da Hypermarcas tem trabalhado na tentativa de desenhar projetos e tomar iniciativas para crescer mais rapidamente de forma orgânica.
Com R$ 5 bilhões investidos na aquisição de mais de uma centena de marcas nos últimos dois anos, a companhia se transformou na maior compradora de ativos de empresas de consumo dos últimos anos. "Aquisição é uma parte do negócio que meia dúzia de pessoas aqui dentro acompanham. Vamos muito além disso", diz Bergamo. Segundo estimativas de analistas, o faturamento da Hypermarcas neste ano pode chegar a R$ 3,8 bilhões.
P&D
Em discussão nos corredores da companhia estão alguns desses projetos em andamento. A Hypermarcas vai criar um centro de pesquisa e desenvolvimento em Alphaville, na Grande São Paulo, onde serão investidos R$ 10 milhões.
O local terá três mil metros quadrados, está em processo de reforma e acomodará uma nova equipe. A executiva Sônia Tuccori foi contratada há quatro meses para o cargo de diretora de P&D. "Vamos levar o consumidor para dentro da empresa, mostrar as marcas relançadas, fazer estudos e análises de comportamento do consumidor. Queremos desenvolver o que ainda não criamos", diz Marcio Santos, diretor executivo de operações da área de consumo da Hypermarcas.
UNIDADE FABRIL
A empresa também criará uma estrutura fabril única para a produção de medicamentos sem prescrição médica (MIP). O plano é finalizar, ao final de 2011, a maior ampliação já realizada na unidade do grupo em Anápolis (GO), que pertence à Neo Química, companhia adquirida pela Hypermarcas no ano passado.
A unidade fabril, que deve receber R$ 60 milhões do investimento, reunirá linhas de produção de todas as marcas do grupo no segmento, como Rinosoro, Benegrip e Lisador. É um negócio que rendeu à empresa R$ 600 milhões (valor líquido) dos R$ 1,4 bilhão faturados de janeiro a junho de 2010.
DISTRIBUIÇÃO
O restante do montante investido (R$ 50 milhões) está sendo aplicado na criação de um centro de distribuição de medicamentos ao lado da fábrica. O espaço será o maior centro de logística e estocagem de uma fabricante de produtos OTC na América Latina. Duas unidades da área de medicamentos da empresa, localizadas em Barueri e São Paulo, devem parar de operar - isso inclui a planta da DM Farmacêutica, comprada em 2007.
LANÇAMENTOS
Além disso, a empresa ainda se prepara para bater um recorde. Ela espera lançar e relançar cerca de 400 itens neste ano. Isso equivale a mais de um novo produto nas prateleiras ao dia. Em 2009, houve um lançamento a cada dois dias.
Nessa conta, estão mercadorias que antes não existiam, como a lâmina de barbear Monange e o desodorante Avanço Mob, que chegam às lojas nas próximas semanas. Também houve mudanças em produtos de linha, como os da Bozzano.
O grupo precisa ganhar musculatura com as marcas compradas e focar na integração. "A concorrência está feroz e há uma forte demanda por novidades entre consumidores, principalmente entre da classe D", diz o gerente de área da Planner Corretora, Ricardo Martins.
Fonte: Valor Econômico