As companhias farmacêuticas anglo-sueca AstraZeneca e a americana Bristol-Myers Squibb uniram forças para pesquisar medicamentos voltados para diabetes. Os dois laboratórios, que firmaram acordo de cooperação em 2007 para investir no desenvolvimento de remédios nessa área, como forma de dividir os custos e os lucros, começam a colocar no mercado os resultados dessa parceria. Esse tipo de associação entre empresas fármacas tornou-se uma tendência global.
"Os esforços para pesquisas de combate a diabetes são grandes em todo mundo. Só no Brasil a doença atinge cerca de 11 milhões de pessoas", disse Rubens Pedrosa Jr., presidente da AstraZeneca no Brasil. "Mais do que dividir custos e lucros, a vantagem desse acordo é ter mais cérebros em um projeto de inovação", observou Stephen Merrick, presidente da Bristol no país.
Tradicionalmente, os custos para se colocar um medicamento no mercado giram em torno de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão, com até dez anos de pesquisas até seu lançamento.
Neste mês, as empresas começaram a comercializar no país o Onglyza, para tratamento da diabetes tipo 2. Aprovado em 2009 pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), Food and Drug Administration (FDA) e agência europeia, a Emea, a nova droga que combate a doença, a saxagliptina, é um medicamento para terapia de uso oral. "Trabalhamos em duas substâncias, que podem ser combinadas para outros produtos", afirmou Pedrosa.
Independentemente dessa parceria voltada para diabetes, as duas empresas têm planos ambiciosos de expansão no país. Cada laboratório trabalha com portfólio diversificado e faz apostas no mercado brasileiro.
Merrick, que chegou há cerca de seis meses no Brasil, deverá conduzir o processo de consolidação da Bristol no segmento de medicamentos biológicos no mercado nacional, em linha com a estratégia global da companhia. A expectativa é promover o lançamento de cinco novos medicamentos inovadores no país - e elevar o faturamento dos R$ 393 milhões em 2009 no país para R$ 750 milhões, até 2015.
A unidade brasileira da Bristol está no centro das atenções junto com outros mercados emergentes como Rússia, Índia, China e Turquia, disse Merrick. A Bristol, que registrou faturamento global de US$ 18,8 bilhões em 2009, é um laboratório com foco em pesquisas e desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, distúrbios psiquiátricos, Alzheimer, hepatites, HIV/AIDS, artrite reumatoide e pós-transplantes. No Brasil, a companhia também atua no mercado de OTC (remédio isentos de prescrição), com as marcas Luftal, Dermodex e Naldecon.
A AstraZeneca, com faturamento global de US$ 32,8 bilhões em 2009, registrou no ano passado receita bruta de R$ 746,8 milhões no país. Com foco em medicamentos para hipertensão, colesterol, gastrointestinal, a empresa também tem produtos voltados para área hospitalar e oncologia. O país é base de exportação de medicamentos para os países da América Latina.
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