segunda-feira, 28 de março de 2011

Droga aprovada nos EUA dá sobrevida a vítimas de melanoma


O FDA, a agência americana de regulação de medicamentos, aprovou nesta sexta-feira uma droga considerada promissora para o tratamento do melanoma metastático, um tipo de câncer de pele geralmente fatal. A agência só havia aprovado até hoje outros dois medicamentos para o melanoma avançado – sendo que a última liberação ocorreu há 13 anos.


Conhecida comercialmente como Yervoy, a droga injetável ipilimumab prolongou em até quatro meses a vida dos pacientes, quando a situação destes foi comparada com a de pessoas tratadas com drogas já existentes no mercado. Segundo os especialistas, apesar do pouco tempo de sobrevida, a droga é considerada um marco importante para o tratamento dessa forma letal do câncer de pele, que muitas vezes não apresenta respostas a outras terapias.

"Os riscos de vida entre os usuários de ipilimumab caíram 32%", diz Carlos Dzik, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, que participou do estudo clínico com a droga no Brasil.

O FDA aprovou a droga baseando-se em um estudo realizado com 676 pessoas diagnosticadas com um melanoma avançado e que não haviam respondido aos outros tratamentos existentes. Os pacientes foram divididos em grupos e submetidos a três tratamentos: ipilimumab, ipilimumab combinado a outra droga que estimula o sistema imunológico e um remédio que estimula o sistema imunológico isoladamente. Os resultados mostraram que a média de sobrevivência dos pacientes que tomaram ipilimumab foi de dez meses, contra seis meses de quem recebeu as demais drogas. Um grupo muito pequeno de pacientes sobreviveu mais de seis anos.

"Os próximos estudos vão tentar identificar quais são as pessoas que respondem melhor ao ipilimumab. Em um tratamento, sempre há um grupo de pacientes que se beneficiam e outro que não", afirma Dzik. Em cerca de 85% dos pacientes estudados, a droga apresentou pouco efeito. Segundo os pesquisadores, a taxa de sucesso é maior quando o remédio é administrado nos estágios iniciais da doença.


Defesa fortalecida — O medicamento faz parte de um grupo de outras drogas que têm como objetivo estimular o sistema imunológico para combater o câncer. A droga bloqueia uma molécula ligada ao melanoma chamada CTLA-4, que interfere na atividade dos glóbulos brancos, cuja função é combater a doença. Quando a molécula é bloqueada, as células se comportam normalmente e ajudam a lutar contra o câncer.

De acordo com Dzik, estão sendo realizados estudos com ipilimumab para o tratamento de outros tipos de câncer. No Brasil, o especialista é responsável pelo estudo com pacientes diagnosticados com câncer de próstata, mas ainda não pode divulgar resultados.

Em pacientes com melanoma, a droga apresentou uma série de efeitos colaterais como diarreia, inchaço, erupção cutânea e fadiga. Causou ainda inflamações intestinais, no fígado e na pele, além de danos aos nervos e doenças endócrinas. Cerca de 13% dos pacientes sofreram efeitos severos. O FDA pediu ao Bristol-Myers Squibb, laboratório responsável pela patente, para criar uma estratégia de avaliação de risco para identificar e reduzir os efeitos graves associados ao uso da droga.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o melanoma cutâneo é um tipo de tumor que tem predominância em adultos brancos. Ele representa apenas 4% das neoplasias malignas, apesar de ser o mais grave devido à alta possibilidade de metástase. No ano passado, foram registrados 5.930 casos no Brasil.