Companhia composta por 377 cooperativas que tem 1 milhão de beneficiários só havia absorvido até então empresas de sua própria rede.
Aos 43 anos de vida, a Unimed prepara-se para aumentar a família. Em quase meio século a companhia composta por 377 cooperativas só absorveu empresas de sua própria rede, como por exemplo em 2001 quando a Central Nacional Unimed comprou a Unimed São Paulo. Mas agora a empresa de planos de saúde quer um forasteiro.
"Estamos analisando a compra de uma empresa. Fizemos um primeiro contato", diz Mohamad Akl, presidente da companhia, sem dar mais detalhes. Dinheiro o médico diz não ser problema. Com um faturamento estimado em R$ 1,1 bilhão em 2010, Akl afirma poder usar o lucro líquido - ou as sobras como se diz no sistema de cooperativas - que deve ficar entre 3% e 4% da receita.
"Também podemos solicitar investimento dos sócios", diz.
A compra de uma nova empresa é o caminho que Unimed tem de percorrer se não quiser ficar para trás. Próxima de ultrapassar a marca de 1 milhão de beneficiários, até o momento a companhia mantinha-se impassível em relação ao crescimento de suas concorrentes.
A Amil, com 5,1 milhões de usuários, é a que tem apresentado maior apetite para as compras e está enchendo o carrinho desde 2002. Primeiro adquiriu a Amico Saúde. Depois veio a compra das carteiras de clientes pessoas físicas da Semic e Porto Seguro. Em 2007, a companhia levou a Blue Life, Medcard e CliniHauer, período que também abriu seu capital em bolsa.
No ano seguinte incorporou a Ampla, Casa de Saúde Santa Lúcia e a Life System. Em 2009 foi a vez da Medial, e, neste ano, comprou a Saúde Excelsior.
Para manter sua participação de mercado, a Unimed está disposta, inclusive, a participar dos próximos leilões públicos que acontecerem.
Estes leilões ocorrem quando uma empresa quebra. Nestes casos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) intervém e coloca a carteira de beneficários da companhia falida à venda. Ganha quem estiver disposto a dar o maior lance. Em 2009, a Itálica Saúde e a empresa Ana Costa assumiram a carteira de 110 mil conveniados da Avimed através de um leilão.
Como explica Carlos Octávio Ocké-Reis, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ex-assessor da presidência da ANS, o momento é de concentração de mercado. "Mas não basta somente comprar empresas.
A qualidade da carteira de beneficiários é importante. Uma empresa com predominância de usuários idosos e outra com muito jovens certamente apresentam riscos diferentes", afirma.
Além das aquisições, a Unimed também quer impulsionar sua participação na venda de planos para as classes populares. Chamado de Unifácil, o plano desenvolvimento para este segmento custa cerca de R$ 70 e existe em sete cidades. A Unimed Porto Alegre é uma das cooperadas que trabalham com a modalidade.
Para 2011, Akl espera dobrar o número de cidades atendidas pelo Unifácil. "Cada unidade da Unimed consegue criar a opção que melhor atende sua região. Nós fazemos a sugestão de como deve funcionar o plano, mas cada cooperada sabe das necessidades do mercado onde atuam", diz