segunda-feira, 18 de julho de 2011

Parasitas, nosso muito obrigado por ter dado origem ao sexo


Agradeça a todos os patógenos e parasitas do mundo: sem eles, o sexo não poderia existir tal como conhecemos hoje. Um novo estudo descobriu que, em organismos que se reproduzem tanto sozinhos quanto com um parceiro, a escolha pela reprodução sexuada é motivada pela corrida pela sobrevivência entre o hospedeiro e o patógeno.
Sem a presença de um patógeno, a tendência é que o organismo hospedeiro se reproduza assexuadamente. Isso porque, quando ameaçado por um patógeno em constante evolução, o ser hospedeiro necessita de parceiros sexuais para também evoluir.
Na tentativa de explicar o motivo pelo qual os animais escolheram a reprodução sexuada ao invés da assexuada, os cientistas sugeriram a “Hipótese da Rainha Vermelha”, que diz que quando um predador se desenvolve, a sua presa tem que evoluir conjuntamente para se manter viva. Se parar de buscar a evolução, ela morre.
A reprodução sexual permite que um organismo misture e combine seus genes com outro, facilitando a evolução e aumentando as defesas contra invasores. Estudos de campo mostraram que, em estado selvagem, caracóis que se reproduzem tanto assexuadamente como sexualmente escolhem a via sexual com mais frequência quando há muitos parasitas no ambiente.
Como a pesquisa ocorreu fora do laboratório, é difícil ter a certeza que outros fatores não influenciaram o resultado. Por isso, pesquisadores fizeram o teste da “Rainha Vermelha” para descobrir se a ideia da coevolução gerar a reprodução sexuada diretamente é verdadeira.
Uma população de lombrigas foi modificada de modo que algumas se reproduziam assexuadamente e outras podiam usar apenas o sexo para se reproduzir. Um terceiro grupo – no qual cerca de 20% a 30% se reproduz sexualmente – foi deixado na forma selvagem.
As lombrigas que se reproduzem sexualmente sobreviveram tanto em contato com bactérias sexuadas quanto assexuadas. As lombrigas assexuadas sobreviveram em contato com bactérias que não podiam evoluir. Quando elas encontraram bactérias que se reproduzem sexualmente, entretanto, houve um massacre de lombrigas.
Tudo indica que se a espécie assexuada de lombrigas se encontrasse com bactérias que evoluem geneticamente, elas poderiam ser levadas à extinção em menos de 20 gerações, o que é incrivelmente rápido.
Não precisa torcer para que parasitas continuem infestando humanos: mesmo que todos os patógenos perigosos desaparecessem, o ser humano continuaria se reproduzindo através do sexo. Mas o estudo sugere que muito, muito tempo atrás, foram os parasitas, bactérias e vírus que levaram nossos antepassados a se acasalarem.
O estudo não comprova que a coevolução com os parasitas foi a razão do surgimento do sexo – mas pode ser a explicação para sua a evolução.
[LiveScience]