quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pfizer aposta no Enbrel para ser seu novo 'blockbuster'


Depois de ter a patente expirada em 2010 no Brasil de dois importantes medicamentos "blockbusters" (campeões de vendas) - Viagra e Lipitor -, a multinacional americana Pfizer deverá se dedicar mais aos produtos biológicos neste ano, para elevar sua receita no país. Até poucos meses atrás, o Lipitor, o mais vendido do mundo, com faturamento global de US$ 13 bilhões, era o principal remédio da farmacêutica no Brasil. Agora, as apostas da companhia estão sobre o Enbrel.
Esse medicamento já ultrapassou o Lipitor em receita no país, atingindo no ano passado R$ 382 milhões, enquanto o principal "blockbuster" da Pfizer faturou R$ 191 milhões no mesmo período, segundo dados preliminares do laboratório americano. O Enbrel é um medicamento biológico indicado para casos de artrites reumatoide e idiopática juvenil, espondilite anquiolosante (um tipo de inflamação nos tecidos), artrite psoriásica e psoríase.

Comercializado no Brasil desde 2007 (lançado mundialmente há 10 anos), o Enbrel é vendido diretamente para o governo, com aprovação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para quase todas as indicações médicas, afirmou Roberto Rocha, diretor da unidade de negócio institucional da Pfizer, que inclui medicamentos biológicos. A Pfizer está trabalhando junto ao governo para que o Enbrel seja aprovado também para psoríase na rede pública. O processo ainda está em análise.

Segundo Rocha, o Brasil é o primeiro mercado para o Enbrel na América Latina e também está à frente entre os emergentes, cuja receita ficou em US$ 462 milhões (entre janeiro e setembro de 2010). No mundo, o Enbrel é o quinto mais vendido entre todos os medicamentos globais, com US$ 5,8 bilhões em receita (dados de 2009), disse.

No Brasil, o potencial de crescimento para esse medicamento ainda é grande. "O governo já ampliou a lista de acesso ao Enbrel para outras indicações. Estamos aguardando para psoríase", afirmou o executivo.

Os medicamentos biológicos são a nova aposta das grandes farmacêuticas globais para expandir seus portfólios. Esses produtos são derivados de materiais vivos (plantas, animais ou microrganismo) ou de células geneticamente modificadas. Suas moléculas são semelhantes às proteínas humanas e possuem estrutura mais complexa que a maioria dos medicamentos tradicionais (químicos). Os tipos de medicamentos biológicos mais conhecidos são os hormônios, como as insulinas e as vacinas.

Segundo Rocha, as farmacêuticas globais estão se dedicando a esse segmento, que tem crescido significativamente nos últimos anos, sobretudo nas áreas de oncologia e doenças raras.

Outra aposta da Pfizer em biológicos no país é o Genotropin, um hormônio de crescimento sintético, produzido por meio de DNA (ácido desoxirribonucleico) recombinante a partir do GH (hormônio de crescimento) humano. Esse produto é indicado para tratamento de pessoas com déficit de estatura, causado por distúrbio de crescimento.

Das 118 moléculas em estudos pela Pfizer para possíveis lançamentos de novos medicamentos, 25 são biológicos, em diversas fases de pesquisa. Esse portfólio é proveniente do laboratório Wyeth, que foi adquirido pela farmacêutica americana em 2009 por US$ 68 bilhões.

Em dezembro, a Anvisa divulgou novas normas para o registro de produtos biológicos. As determinações estão reunidas na RCD (Resolução Colegiada da Diretoria) nº 55, que estabelece requisitos mínimos de qualidade, segurança e eficácia para medicamentos biológicos. A partir dessa resolução, a Anvisa permite o desenvolvimento de produtos biológicos por meio de comparabilidade com outros já existentes no mercado, ou seja, com os medicamentos biossimilares.

Jornalista: Mônica Scaramuzzo